AnÃsio H. Campos
2025-08-29 09:32:40
Só mesmo o pensamento brilhante do Prof. Darcy, expresso numa escrita elegante e poética, para oferecer um alento à nossa esperança de trabalhar para que nos tornemos uma Nação, vivamos para nós e não para os outros. No atual contexto da história brasileira em que se tornam explÃcitas as manobras e conluio polÃtico-midiático-judiciário-rentista trabalhando para manter azeitada a máquina que produz e reproduz o abismo da desigualdade social no Brasil, o pensamento de Darcy é, mais do nunca, necessário. Agora, as engrenagens se mostram vergonhosamente explÃcitas, para quem honestamente se dispõe a querer entender a realidade. Neste sentido, esta obra é, de fato, uma alento à esperança: ainda temos muito a caminhar para constituirmos uma Nação. Nesta caminhada, cada passo vale, pois é aprendizado. Faz parte desta grande construção maior que nunca se conclui, mas sempre avança. Que falta nos faz a presença do Prof. Darcy Ribeiro. Que privilégio poder ter acesso à beleza e esperançosa força de seu pensamento. Neste momento, muito especialmente, esta obra é não apenas essencial mas fundamental ainda mais quando sabemos que Darcy se dedicou a escrever esta obra para deixá-la como presente aos brasileiros. AnÃsio H. Campos
Caio Jean
2025-08-28 11:54:56
Darcy Ribeiro faz aqui uma ótima abordagem da construção da identidade do brasileiro, analisando a contribuição de cada povo para moldar um povo novo que ocupa um paÃs de dimensão continental e que apesar de ter diferenças gritantes entre os habitantes do Norte e do Sul, por exemplo, ainda assim se mantiveram unidos, diferentemente do que ocorreu com a América espanhola.O livro começa abordando, como não poderia deixar de ser, a importância do Ãndio nessa construção, da sua escravização, da tentativa de catequiza-los, da importância dos jesuÃtas nesse processo, das grandes aldeias de catequese que eram atacadas por mão de obra escrava, como nas mãos dos próprios jesuÃtas vai havendo um processo de deculturação e assim o livro vai, passando pelo desprezo legado aos mamelucos tanto dos portugueses quanto dos Ãndios, e seu papel no desbravamento como bandeirantes na captura de Ãndios para escravização depois a chegada dos escravos trazidos da Ãfrica e sua importância nesse caldeirão cultural. Obviamente não dá para resumir tudo que o livro aborda em algumas poucas linhas, mas achei-o bem completo ao falar do ouro de Minas, da borracha da Amazônia, do açúcar do Nordeste, das sangrentas revoltas, dos imigrantes e todas as implicações que esses fatos tiveram na nossa história e assim o livro avança até o século passado.Somente um porém me deixou um pouco desconfortável na leitura que foi a abordagem da época recente em que o autor escrevia, pois antes todas as abordagens e análises feitas são baseadas em documentos e informações históricas, mesmo quando são hipóteses ( e o autor sempre deixa isso claro), mas em algumas das análises mais recentes ele acaba descartando (ou simplesmente não tendo tais informações) e tece análises que me pareceram mais baseadas em suas opiniões, porém nada que estrague a leitura, mas que a deixa um pouco menos imparcial.
Karen Viana
2025-01-25 13:33:50
Obra indispensável.
Augusto Rodrigues
2025-01-17 15:11:12
Ribeiro busca fornecer uma interpretação do Brasil, destrinchando a nossa gênese e fornecendo possÃveis rumos para o futuro. Para tanto, ele inicia o livro discutindo a nossa matriz tupi, passa pela questão da miscigenação, pela questão racial e pela "modernização", e finaliza com a sua divisão do paÃs em 5 áreas culturais: crioula, cabocla, sertaneja, caipira e sulina.Pontos positivos: Ribeiro interpreta o povo brasileiro como uma etnia própria, já não mais portuguesa, tupi ou negra. Ele enfoca que o substrato da nossa nacionalidade é a união entre os indÃgenas Tupi e os portugueses, e que foi essa configuração que absorveu primeiramente os elementos africanos e, posteriormente, os imigrantes do século XIX e XX. Ressalta que as desigualdades no Brasil são muito mais de caráter social do que racial.Pontos negativos: o livro inteiro é escrito com uma linguagem de militante de DCE, extremamente desagradável e exaustiva. É muito repetitivo quando trata da opressão sofrida por Ãndios e negros, tentando, ao que parece, vencer o leitor pelo cansaço mais do que convencê-lo por argumentos. Parece idealizar muito a condição indÃgena pré-1500, o que beira uma espécie de romantismo indigenista - há aqui uma clara oposição maniqueÃsta: portugueses como vilões e Ãndios como mocinhos. Dentre diversos outras questões pontuais, longas demais para se explanar numa pequena avaliação.No decorrer da leitura, os pontos negativos acabam se sobrepondo aos positivos em diversas ocasiões, empobrecendo muito a leitura e tornando-a enfadonha, o que é uma pena. Para interpretações do Brasil, creio que os clássicos de Sergio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre são, além de mais consistentes em termos de argumento, bem mais saborosos no que toca à narrativa.
Sidinei Aguiar
2024-12-14 10:13:45
O livro retrata com maestria todos os fatores preponderantes para a formação do povo brasileiro. O autor descreve detalhadamente, muitas vezes de forma poética, como se deu o caldemento cultural oriundo da mestiçagem entre pretos, brancos e Ãndios. Apresenta a formação histórica, de norte a sul, de todos os povos que constituem o povo nação.O autor joga luz também sobre as consequências, as quais se estendem aos dias de hoje, do fato da sociedade brasileira ter sido edificada sobre os alicerces da escravidão indÃgena e negra, explica com clareza todas as implicações sociais oriundas desse fato e como isso contribuiu para a formação econômica e cultural do Brasil.O livro é fundamental para podermos compreender a sociedade brasileira dos dias de hoje e sua formação histórica.